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O Escritor

Meu nome é Matthias Gábor Loureiro Zavhery, ou simplesmente MATTHIAS ZAVHERY.  Sou um escritor angolano de origem eslavo-hindú que cresceu em Portugal e radicado no Brasil.  Minha mãe, Zófia Gábor Zavhery nasceu na Hungria numa família de judeus húngaros que emigraram para Portugal na segunda guerra mundial. Estudou Belas Artes na Universidade de Coimbra onde conheceu meu pai, Mohan Loureiro Zavhery, indiano de Goa, região da India de colonização portuguesa, mandado pelos meus avós, ainda jovem, para estudar medicina em Portugal. Casaram e foram morar na cidade de  Lousã  bem próximo a Coimbra. Nasci em Angola no dia 02 de julho de 1982. Minha mãe estava acompanhando meu pai num Congresso de Medicina Tropical. Entrou em trabalho de parto prematuramente após escorregar e cair na escada do hotel onde estavam hospedados.  Logo após meu nascimento mudamos para cidade de Belmonte onde permaneci até completar 7 anos de idade. Em 1989  meus pais morreram num acidente de avião próximo a Nova Deli quando voltavam para Europa após uma viagem à índia.  Fui viver então no Brasil com minha tia, Blanka Gábor Vital, irmã mais velha de minha mãe e que tinha perdido seu único filho por uma reação anafilática a uma vacina de rotina. Era proprietária do Sebo Gataria, uma grande livraria no centro da cidade do Rio de Janeiro, e casada com o  médico Dr. Amaro Tavares Vital. Meu tio estava aposentado. Passava também os dias na livraria. Considerado um grande clínico havia sido diretor do mais importante hospital público federal do Rio de Janeiro onde trabalhou por 44 anos. Só deixou de trabalhar aos 69 anos por conta  de sua saúde. Sofria de Hérnia de Disco e foi submetido a uma cirurgia para correção do problema  que o levou permanentemente à cadeira de rodas por uma paraplegia em função de um acidente anestésico.

Antes de imigrar definitivamente fiquei sob custódia do governo português, vivendo num orfanato na cidade de Castelo Branco por três anos, aguardando a Suprema Corte portuguesa liberar  definitivamente  minha adoção. Esse período foi muito difícil. A solidão, a incerteza do futuro e o medo tomaram conta de mim. Foi aí que comecei a escrever. Iniciei escrevendo cartas para minha tia no Brasil que era minha única referência no mundo. As cartas demoravam muito a chegar. Eram  longos períodos de espera que duravam semanas. Decidi então escrever cartas para figuras imaginárias. Verdadeiros personagens vivos que interagiam comigo, no meu silêncio, e que me mantinham cada vez mais motivado. 

Cheguei no Brasil em 26 de julho de 1992. Cresci com o grande vazio da orfandade precoce e que me gerou uma profunda depressão. Isso me levou a alguns anos de terapia. Paralelamente,  reiniciei meus estudos  pela manhã numa escola no bairro da tijuca. Após as aulas pegava o metrô até o centro da cidade, almoçava com meus tios, e passava as tardes na livraria.  Durante o ensino médio fiz um curso de confeitaria, uma tradição familiar herdada do meu avô, Péter Gábor, famoso confeiteiro de Budapeste. Aos sábados, pela manhã, jogava tênis e, à tarde, ia para cozinha com minha tia me aperfeiçoar nos doces e pães húngaros. Nos domingos, pela manhã, frequentava um templo indiano no bairro do flamengo. Na livraria li diversos autores de todas as tendências com destaque para Monteiro Lobato, Machado de Assis, Ramakrishna, Fernando Pessoa, Nelson Rodrigues, Rabidranath Tagore, Liev Tolstoi, Paulo Coelho dentre tantos outros. Conversava também muito com o meu tio que me contava inúmeros casos de sua vida profissional. Talvez em função dele e do seu filho terem sido vítimas de acidentes médicos, sempre enfatizava os casos em que havia imperícia ou mesmo erro. Foi ele o meu grande incentivador. Queria que eu escrevesse o que me contava para que as pessoa fossem sensibilizadas e saberem que a medicina pode ser muito perigosa. Me interessei muito pela sua sugestão. Em 1999 entrei para a Faculdade de Letras para cursar Português-Literatura numa universidade pública à noite. Durante as tardes, na livraria, escrevia os manuscritos das centenas de histórias médicas relatadas pelo meu meu tio sempre acompanhadas por café  e pão húngaro.

Durante a faculdade  conheci uma estudante de filosofia que veio a ser a mãe do meu filho Adrian Dofrè Gábor Loureiro Zavhery  que nasceu em 2003 na cidade serrana de Itatiaia.

Em 2009 minha tia adoeceu gravemente. Foi internada e a livraria fechou.  Veio a falecer no ano seguinte e, logo depois, foi a vez do meu tio. Fiquei órfão pela segunda vez. Me mudei para um chalé em Penedo, propriedade da família. Lá, durante o dia,  produzia doces e pães húngaros que vendia nas feiras, delicatasses, pousadas, restaurantes, hotéis e também para clientes por encomendas. Era o meu sustento. No final da tarde e á noite me debruçava na criação e na escrita dos inúmeros personagens e estórias, dos diversos contos e romances que publiquei, inspirado nos relatos do meu tio e ambientados, na maioria das vezes,  em cenários médicos.

Guardei meus manuscritos por anos.  Com o advento das redes sociais, e das facilidades para edição e publicação digital, resolvi apresentar meus trabalhos. 

Atualmente vivo entre o Brasil e Portugal. Continuo  escrevendo e, agora mais do que nunca, também publicando. 

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